Semana intensa, na qual as mães piscaram seus sinais luminosos,
nos dando lições de vida, força, bravura e ternura, entremeadas de profundas
lágrimas e dor. Dor que dói em mim, por não poder roubar um pouco e aliviar
parte de tanta dor. Dor que dói de doer, que perde o sentido figurado e fere
fundo, na alma, no coração.
Como as de Juny, uma
mulher-amiga que enfrentou a interrupção de uma gravidez aos cinco meses e
meio. Dor de mãe ao sentir o aperto de mão de um filho passageiro que partiria
horas depois. Dor de quem fica, buscando um novo início para recomeçar. Dor que
deixa marcas e que demora a cicatrizar.
Noutra ponta do ciclo, o
apego à vida mostra minha mãe a enfrentar a ausência da saúde com a galhardia
de quem já tira de letra as adversidades e que não teve tréguas na sua luta por
continuar viva. Não seria qualquer AVC que lhe deixaria sequelas ou tiraria o
prazer de poder responder ao telefone que "Tudo vai muito bem, graças a
Deus!" Um fio de esperanças de quem dela se alimenta.
Em Brasília, é d. Angélica,
mãe de Alexandre Ivo, jovem assassinado em janeiro deste ano, em São Gonçalo
(RJ) que emociona todo um plenário no Senado Federal, ao relembrar a dor da
perda de seu filho homossexual. Ela confessa que jamais imaginaria que a
homofobia poderia chegar ao ponto de matar, quanto mais o seu filho.
Diante dos argumentos
daqueles que se opõem aos homossexuais, que somos destruidores de famílias; que
não somos abençoados por Deus porque vivemos no pecado; que poderíamos mudar se
quiséssemos e, como não mudamos e optamos pela nossa verdade, merecemos a
condenação e a violência; entendo que o que lhes falta é generosidade,
solidariedade e humanidade.
Generosidade, de quem
oferece sua compreensão e se dedica a entender o mundo pela visão do outro.
Solidariedade de quem compartilha a dor no intuito de aliviá-la. E humanidade
de quem entende e se compadece do outro, respeita e reconhece suas relações
afetivas, principalmente o amor de sua família.
Entre os filhos que se foram
e as mães que permanecem, está a vida repleta de dores e prazeres que, ao fim,
se tornam a panaceia que nos mantém vivos.
Camisinha sempre!