Sábado passado, o presidente dos Estados Unidos, recém agraciado
com o Premio Nobel da paz, anunciou que vai envidar esforços para acabar com
uma das mais cínicas regras das forças armadas americanas: “don`t ask;,don`t
tell”, ou seja, se você for gay e quiser servir o exército, não conte a
ninguém. Um instrumento legal que permite que o exército expulse aqueles que se
declararem.
No domingo, os gays norte-americanos, saíram às ruas de Washington
aos milhares para exigir efetividade nas promessas de campanha de Obama.
Desconsideraram o pedido do presidente que, há pouco mais de um mês, durante
recepção a um grupo de gays na Casa Branca - alguns, inclusive vestindo seus
uniformes militares - pediu paciência: “No final da minha administração vocês
estarão satisfeitos”, afirmou. Os gays americanos querem ação, em resposta ao
apoio decisivo, ao dinheiro investido e às promessas feitas durante a campanha
presidencial.
A estratégia de fazer promessas e não avançar além da produção de
documentos e intenções é antiga na cooptação de movimentos importantes e
polêmicos. Com a Marcha de Washington, os americanos de certa forma estão
conclamando homossexuais do mundo inteiro a não se deixarem levar por discursos
simpatizantes e exigirem efetividade na garantia de direitos iguais porque o
tempo está passando e continuamos esperando mais que propostas.
Mas, está claro que houve um desencontro por lá. Na véspera, uns
aplaudiam Obama durante o jantar da Human Rights Campaing, uma das mais
importantes organizações não-governamentais LGBT dos Estados Unidos, e
concordavam em ser um pouco mais pacientes. No dia seguinte, outra turma sai às
ruas em protesto contra a falta de resolutividade e ação do governo, sob o lema
“Igual proteção para lésbicas, gays, bissexuais e pessoas trans, em todas as
matérias reguladas pela Lei Civil, em todos os 50 estados. Agora! ”
Enquanto os homossexuais norte-americanos se mobilizavam para o
prestigiado jantar e a ruidosa marcha, o presidente claramente tentava
neutralizar seus discursos e já na semana anterior tomava os noticiários com o
apoio explícito à aprovação da Lei Matthew Shepard que amplia o entendimento de
crimes de ódio à orientação sexual e identidade de gênero, como o nosso
combatido PLC 122.
Depois do jantar, porém, o presidente Obama recebeu uma sobremesa
que mostrou o quanto a comunidade LGBT americana está cansada de promessas e
apoios inconsequentes. Uma atitude madura que revela que, por lá, acima dos
interesses eleitorais estão os direitos dos gays e o fim da homofobia.
Camisinha sempre!