Há um ano, o sempre inapropriado primeiro-ministro italiano Silvio
Berlusconi deixou escapar sua índole racista quando chamou o recém-eleito
presidente dos Estados Unidos de "bronzeado": "Obama é bonito,
jovem e bronzeado". Racismo porque distingue o outro pela cor de sua pele
e, pior, revela sua intenção no discurso indireto que denuncia: bronzeado é uma
tentativa descarada de suavizar a carga negativa que ele mesmo atribui ao fato
de ser negro.
Pois não é que um ano depois, o incorrigível Berlusconi volta à carga em
Milão, referindo-se ao encontro que tivera com o presidente norte-americano em
Pittsburgh? "Quero trazer saudações de um homem... Qual é o nome dele? Só
um minuto... É alguém bronzeado... Barack Obama!".
Por que "bronzeado"? Por que não negro ou afrodescendente?
Como pode um estadista do século XXI supor que seria simpático ou menos racista
destacar a cor da pele do presidente Obama chamando-o de bronzeado? E por que
repetiu? Com certeza para tentar tirar o caráter preconceituoso de um deslize
cometido no ano passado: repetiu a ofensa para atribuir pouca importância ao
fato, para demonstrar que aquilo não é algo que mereça deixar de ser dito.
Parece insano? Mas, não é.
Silvio Berlusconi teve um comportamento bastante conhecido de quem é
gay. Racismo de lá, homofobia de cá. É comum cruzarmos com sujeitos que tentam
se aproximar e demonstrar naturalidade no trato da nossa homossexualidade de
forma tão equivocada quanto a do primeiro ministro italiano. Pessoas que tentam
demonstrar intimidade se referindo a nós pelo que há de mais pejorativo e
esperando que entendamos isso como uma tentativa de quebrar o gelo. E se você
reclama ainda escuta: "Você me conhece, sabe que eu faço piada, mas
respeito demais vocês gays." Atitudes de respeito não precisam ser
esclarecidas.
Não sei o que pode levar as pessoas a considerarem que a intimidade
reduz o grau ofensivo de um tratamento pejorativo. Algumas aproveitam sua
presença para relembrarem a última piada homofóbica e esperam que você entenda
isso como uma forma simpática de tratar a questão com naturalidade. E que ria
da piada.
Se você quer causar uma boa impressão e não parecer preconceituoso,
procure não fazer desse tema o assunto principal com seu conhecido gay.
Detalhes da orientação sexual de uma pessoa não são temas de discussão para uma
roda social, independente se homo, hetero ou bissexual. Lembre-se: gays não se
resumem à sua homossexualidade.
Camisinha sempre!
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