Houve um tempo em que acreditava que a homofobia era um problema
individual. Achava que se resolvesse a minha homossexualidade, resolveria o
problema – pelo menos o meu. Mais tarde, vi que o motivo das agressões que
sofria não era a minha homossexualidade, mas a de todos nós. A era moderna
carrega um erro de programação nos chips de comportamento: um looping que
insiste em igualar as diferenças na marra e no desrespeito. E não avança.
O Brasil apresentou um
crescimento dos assassinatos de homossexuais por homofobia, de 2007 para 2008,
da ordem de 55%, segundo o GGB. A cada dois dias um homossexual é assassinado
no Brasil, sem contar os casos de espancamento, violência psicológica, verbal,
exclusão, bullying, suicídios, depressão e, mais recentemente, bombas.
Eis que no final da maior parada gay do mundo a homofobia se
apresenta clara, óbvia, concreta e inegável: brigas, espancamentos, uma morte,
trinta feridos e uma bomba. E agora? Um histórico de duas mortes na Parada de
SP: em 2007, um turista francês, gay, esfaqueado na região da Praça da
República; e agora o gay brasileiro Marcelo Barros, 35 anos, espancado até
morrer no hospital por traumatismo craniano. Na mesma região onde, em fevereiro
de 2000, o adestrador de cães Edson Neris foi assassinado por skinheads
enquanto caminhava de mãos dadas com seu companheiro.
Uma bomba que cai de um prédio e fere trinta pessoas não é uma
ação intempestiva de quem está incomodado com o burburinho da rua, ou passando
por um momento ruim. Para se construir uma bomba caseira são necessários
elementos que não se encontram em qualquer armário da cozinha e é inegável a
premeditação da ação.
Se por um lado existe empenho da polícia em apurar os culpados,
por outro ela mesma evita admitir que por trás desses atentados exista um
componente de ódio, mais uma vez desprezando a gravidade do problema e a
importância de uma apuração rápida, rigorosa e exemplar. Sob o risco de
banalizarmos a violação de direitos de todos os cidadãos brasileiros.
Camisinha sempre!
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