sábado, 20 de junho de 2009

Bomba - 20/06/2009





Houve um tempo em que acreditava que a homofobia era um problema individual. Achava que se resolvesse a minha homossexualidade, resolveria o problema – pelo menos o meu. Mais tarde, vi que o motivo das agressões que sofria não era a minha homossexualidade, mas a de todos nós. A era moderna carrega um erro de programação nos chips de comportamento: um looping que insiste em igualar as diferenças na marra e no desrespeito. E não avança.

As consequências se fazem notar. A homofobia alimenta vulnerabilidades que vão do acesso aos serviços de saúde, aos insumos de prevenção; da exclusão do sistema de educação formal à violação de seus direitos fundamentais no improvável seio familiar.

O Brasil apresentou um crescimento dos assassinatos de homossexuais por homofobia, de 2007 para 2008, da ordem de 55%, segundo o GGB. A cada dois dias um homossexual é assassinado no Brasil, sem contar os casos de espancamento, violência psicológica, verbal, exclusão, bullying, suicídios, depressão e, mais recentemente, bombas.

Eis que no final da maior parada gay do mundo a homofobia se apresenta clara, óbvia, concreta e inegável: brigas, espancamentos, uma morte, trinta feridos e uma bomba. E agora? Um histórico de duas mortes na Parada de SP: em 2007, um turista francês, gay, esfaqueado na região da Praça da República; e agora o gay brasileiro Marcelo Barros, 35 anos, espancado até morrer no hospital por traumatismo craniano. Na mesma região onde, em fevereiro de 2000, o adestrador de cães Edson Neris foi assassinado por skinheads enquanto caminhava de mãos dadas com seu companheiro.

Uma bomba que cai de um prédio e fere trinta pessoas não é uma ação intempestiva de quem está incomodado com o burburinho da rua, ou passando por um momento ruim. Para se construir uma bomba caseira são necessários elementos que não se encontram em qualquer armário da cozinha e é inegável a premeditação da ação.

Se por um lado existe empenho da polícia em apurar os culpados, por outro ela mesma evita admitir que por trás desses atentados exista um componente de ódio, mais uma vez desprezando a gravidade do problema e a importância de uma apuração rápida, rigorosa e exemplar. Sob o risco de banalizarmos a violação de direitos de todos os cidadãos brasileiros.


Camisinha sempre!

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