sábado, 11 de abril de 2009

Doença - 11/04/09




Que as igrejas condenam os gays e definem o comportamento homossexual como um pecado, não é novidade. Baseiam-se em textos apócrifos (textos que não fazem parte da Bíblia, cuja autenticidade é duvidosa ou suspeita), mais especificamente no livro de Levítico, em duas ocasiões. Numa delas, o livro nos condena à morte: “Se um homem se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram um ato repugnante. Terão que ser executados, pois merecem a morte” (Levítico, 20,13).

Extrair trechos desses livros e aplicá-los em situações dos dias de hoje, entretanto, é no mínimo irresponsável. O mesmo livro, que na verdade tentava estabelecer regras de comportamento para uma determinada época e cultura, também condenava absurdamente, por exemplo, as pessoas que usavam roupas feitas de dois tipos diferentes de material. Porém, a referência aos homossexuais continua sendo interpretada ao pé da letra, atendendo aos interesses daqueles que não conseguem conviver com a diversidade.

Apesar da insistência de alguns em misturar as coisas, continuo relutando em discutir a homossexualidade sobre o prisma das religiões, uma vez que estamos falando de direitos humanos, independente de crenças ou dogmas.

Em que pese a garantia do estado laico, lamentavelmente estamos convivendo com uma força tarefa implacável de religiosos que tem se dedicado a barrar toda e qualquer conquista LGBT, desde o simples reconhecimento da utilidade pública de associações que lutam pelos nossos direitos, até legislações que penalizem a discriminação ou criminalizem a violência homofóbica. Como se não bastasse, a radicalização desses grupos tem desafiado a ciência e colocado em risco a saúde da população.

Em recente visita à África, continente onde a AIDS atinge cerca de 40 milhões de pessoas, o papa Bento XVI afirmou que a distribuição de preservativos não ajuda a controlar a epidemia. “Pelo contrário, eles aumentam o problema´, afirmou.

A igreja católica historicamente tem se envolvido com doenças. Milagres de cura são atribuídos a Jesus Cristo e sua história relata situações de envolvimento com portadores de hanseníase, numa época em a doença não tinha controle ou cura. Ainda hoje, encontramos sacerdotes que consolam enfermos e freiras que se dedicam a serviços de enfermagem. Entretanto, recusam-se a trabalhar a saúde na perspectiva de promoção de ações de prevenção.

A declaração impiedosa e irresponsável do Papa parece visar a manutenção dos doentes como justificativa para sua vocação e valorização de seu papel histórico, não importa a custa de que.


Camisinha sempre!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por deixar seu comentario.