sábado, 14 de março de 2009

Teatro gay - 14/03/2009



O teatro LGBT pousa em minha mesa. Felizmente, boas novas na utilização dessa ferramenta na luta contra a homofobia. O leitor Rodrigo Cabide me envia uma primorosa análise das peças com temática homossexual que estiveram em cartaz durante a Campanha de Popularização do Teatro de 2009. Destaca que não só de estereótipos, caricaturas e riso fácil vive a dramaturgia ligada aos gays, mas também de propostas sérias de desconstrução de preconceitos e abertura do tema para fora do gueto.


Rodrigo conseguiu perceber essa tentativa nas montagens de "Romeu e Romeu" e "Dois de Paus", porém sem muito sucesso. Com qualidade mesmo, "Aqueles Dois", adaptação do conto do escritor gay gaúcho Caio Fernando Abreu, que descortina todos os "valores medíocres e hipócritas que a sociedade atual insiste em carimbar" a partir da história do amor homossexual de dois funcionários públicos. No mais, a Campanha continua incluindo espetáculos que insistem em difundir, através dos personagens gays, um humor nervoso e preconceituoso que em nada contribui para que "o verbo rir venha acompanhado do verbo refletir".


Agora, recebemos de presente uma das mais deliciosas conjunções de talentos teatrais mineiros, em "Olá, Pessoa", livre adaptação do livro "E Ninguém Tinha Nada com Isso...", de Marcelo Garcia, o polêmico secretário de Assistência Social gay que já foi do governo federal, do Rio e hoje é de Juiz de Fora.


A montagem da premiada Odeon Companhia Teatral, além do atrevimento de ter sido apresentada ao público antes de estar pronta, traz o formato da experimentação, do novo e se modifica a cada dia. A plateia participa, é convidada a dar seu depoimento e contar ali, na hora, suas experiências de vida em que o preconceito esteve presente.


O autor, Edmundo Novaes, é uma das mentes prodígias das letras teatrais de Minas Gerais. Arrojado, aventura-se na pós-dramaturgia e inventa a "peça-palestra", com a preocupação de "tornar a coisa mais abrangente e viva, menos moralista". Ele não se limita ao relato distante, mas traz para os palcos a visão pessoal de alguém que vive num mundo onde existe a homofobia.


Edmundo me escreveu em janeiro para contar que, em determinado trecho, numa referência com gosto de homenagem, Antônio Pessoa, personagem central da trama, conta, brevemente, "a história de um amigo que se chama Oswaldo, que assumiu sua homossexualidade e hoje, além de ter se casado novamente, agora com um homem, é um dos principais militantes gays do país". Vamos conferir.


Camisinha sempre!

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