sábado, 18 de outubro de 2008

Medíocres – 18/10/2008



O que possuem em comum o deputado gay paulista Clodovil Hernandes, a vereadora transgênero baiana Léo Kret e o vereador hetero juizforano Tico-tico? 

Primeiramente, todos esses personagens foram eleitos legitimamente, representam um grupo de cidadãos e cidadãs que votaram neles e é assim que a democracia funciona. Clodovil representa as velhinhas paulistanas que assistem a seus programas vespertinos; Léo Kret os humildes, os desiludidos, os desprovidos de recursos, que disputam de forma selvagem as migalhas que a sociedade lhes reserva e que acreditam no escracho como forma de luta; Tico-tico, os solidários irresponsáveis que deram a ele seu voto, como se dessem uma roupa velha que não lhes serve mais.

Os três representam, sim, uma nova ordem social e desafiam os padrões pré-estabelecidos. Se notarmos bem, veremos que os grupos que valorizam a mediocridade cresceram tanto que explode hoje a necessidade de se fazerem representar na gestão da máquina pública. Grupos que se caracterizam por análises rasteiras e emocionais, porém de fácil assimilação e altíssimo poder de sedução. Filhos da alienação e limitados pela "mass mídia" formam hoje um imenso exército de adultos que preservam vestígios das fantasias da infância e se satisfazem com explicações baseadas na crendice popular e no poder de personagens que utilizam a afronta como forma de conquistar direitos. Clodovil eleito pelo PTC, Léo Kret pelo PR, Tico-tico pelo PP. Personagens certos nos partidos certos.

Leo Kret é transgênero, mas poderia não ser. Clodovil é gay e isso também não importa. Tico-tico é hetero, um pobre coitado que mal sabe conversar e que venceu com o mote "Me ajudem! Me ajudem! Me ajudem!": os medíocres se compadeceram e decidiram ajudá-lo. Os três com certeza possuem argumentos e elementos de defesa de suas idéias que estão em consonância com os de uma fatia generosa da população, suficiente para elegê-los.

A história tem nos mostrado que o recorte da orientação sexual não é político por si só. As homossexualidades são tão dispersas e íntimas que não são suficientes para construir uma identidade de grupo com resultados eleitorais. O próprio movimento LGBT não se entende em relação às suas identidades.

Nossa estratégia precisa mudar e me atrevo a sugerir que adotemos a mesma usada por Clodovil, Léo Kret e Tico-tico: um novo padrão de inteligência que nos diferencie e nos aproxime de um grupo que possa nos eleger. Um padrão que, ao contrário do deles, evolua, acrescente e venha imbuído de bases mais pacifistas e menos agressivas que o escracho.

O que me consola? O que une esses personagens não é o fato de serem gays. O que os elegeu também não. Eles representam uma camada da população onde eu não me encaixo.

Camisinha sempre!


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