O que possuem em comum o deputado gay paulista Clodovil Hernandes,
a vereadora transgênero baiana Léo Kret e o vereador hetero juizforano
Tico-tico?
Primeiramente, todos esses personagens foram eleitos legitimamente, representam um grupo de cidadãos e cidadãs que votaram neles e é assim que a democracia funciona. Clodovil representa as velhinhas paulistanas que assistem a seus programas vespertinos; Léo Kret os humildes, os desiludidos, os desprovidos de recursos, que disputam de forma selvagem as migalhas que a sociedade lhes reserva e que acreditam no escracho como forma de luta; Tico-tico, os solidários irresponsáveis que deram a ele seu voto, como se dessem uma roupa velha que não lhes serve mais.
Primeiramente, todos esses personagens foram eleitos legitimamente, representam um grupo de cidadãos e cidadãs que votaram neles e é assim que a democracia funciona. Clodovil representa as velhinhas paulistanas que assistem a seus programas vespertinos; Léo Kret os humildes, os desiludidos, os desprovidos de recursos, que disputam de forma selvagem as migalhas que a sociedade lhes reserva e que acreditam no escracho como forma de luta; Tico-tico, os solidários irresponsáveis que deram a ele seu voto, como se dessem uma roupa velha que não lhes serve mais.
Os três representam, sim, uma nova ordem social e desafiam os
padrões pré-estabelecidos. Se notarmos bem, veremos que os grupos que valorizam
a mediocridade cresceram tanto que explode hoje a necessidade de se fazerem
representar na gestão da máquina pública. Grupos que se caracterizam por
análises rasteiras e emocionais, porém de fácil assimilação e altíssimo poder
de sedução. Filhos da alienação e limitados pela "mass mídia" formam
hoje um imenso exército de adultos que preservam vestígios das fantasias da
infância e se satisfazem com explicações baseadas na crendice popular e no
poder de personagens que utilizam a afronta como forma de conquistar direitos.
Clodovil eleito pelo PTC, Léo Kret pelo PR, Tico-tico pelo PP. Personagens
certos nos partidos certos.
Leo Kret é transgênero, mas poderia não ser. Clodovil é gay e isso
também não importa. Tico-tico é hetero, um pobre coitado que mal sabe conversar
e que venceu com o mote "Me ajudem! Me ajudem! Me ajudem!": os
medíocres se compadeceram e decidiram ajudá-lo. Os três com certeza possuem
argumentos e elementos de defesa de suas idéias que estão em consonância com os
de uma fatia generosa da população, suficiente para elegê-los.
A história tem nos mostrado que o recorte da orientação sexual não
é político por si só. As homossexualidades são tão dispersas e íntimas que não
são suficientes para construir uma identidade de grupo com resultados
eleitorais. O próprio movimento LGBT não se entende em relação às suas
identidades.
Nossa estratégia precisa mudar e me atrevo a sugerir que adotemos
a mesma usada por Clodovil, Léo Kret e Tico-tico: um novo padrão de
inteligência que nos diferencie e nos aproxime de um grupo que possa nos
eleger. Um padrão que, ao contrário do deles, evolua, acrescente e venha
imbuído de bases mais pacifistas e menos agressivas que o escracho.
O que me consola? O que une esses personagens não é o fato de
serem gays. O que os elegeu também não. Eles representam uma camada da
população onde eu não me encaixo.
Camisinha sempre!
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