O significado da Parada de Belô de 2008 se amplia na perspectiva dos tristes acontecimentos de 2007, quando a intransigência da burocracia dos órgãos do governo, notadamente os de segurança, quase põe tudo a perder e impede a sua realização. No ano passado, quase que toda a mobilização vai por água abaixo.
Nesse contexto, os dois lados da questão tiveram que repensar seu desempenho em relação ao evento: por um lado, bombeiros e policiais militares custaram a reconhecer que o caráter da Parada extrapola a festa aparente, as músicas e danças que o caracterizam. Aliás, é exatamente para nos mostrar – incluindo nossas músicas e nossas danças – que arrebentamos as trancas dos armários e anunciamos que o tempo em que nossa orientação sexual era tida como motivo de vergonha já passou. A Parada exige o envolvimento e participação do poder público na sua organização, não como controladores, mas como parceiros num evento que atrai multidões.
Por outro lado, os organizadores da Parada de Belô perceberam que o gigantismo que nossas manifestações têm alcançado exige mais que uma simples convocação pública e o alinhamento de alguns carros de som repletos de cidadãos orgulhosos defilando pelas ruas da cidade. A Parada demanda uma estrutura que garanta conforto e segurança aos participantes, algo que vai além dos carimbos e laudos cerceantes listados nas portarias do Corpo de Bombeiros.
As lições aprendidas nesses dez anos em que a militância gay arrasta a população de BH pelas ruas centrais da cidade foram responsáveis pelo amadurecimento da Parada de Belô e pela transformação do evento num dos mais destacados do Brasil.
Amanhã é dia de caprichar, botar uma roupa bonita, vestir-se de orgulho e, a partir do meio dia, se concentrar na praça da Estação, onde um palco gigantesco estará recebendo as drag queens que encantam a cena gay da capital mineira, e os ativistas com suas palavras de ordem, reforçando o caráter político do evento. Amanhã é dia de Parada, dia de mostrar a todos que BH se orgulha de seus gays.
Camisinha sempre!
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