As eleições municipais de 2008 vêm coroar um dos pilares mais
lógicos da administração pública brasileira: pensar local para agir global.
Quem conhece os problemas locais é a população que os vivencia. É no município
que prioridades e estratégias são definidas, projetos elaborados para a
captação dos recursos federais que, no final, irão impulsionar o progresso das
nossas mais de 5 mil cidades brasileiras. Essa é a base, por exemplo, do SUS, o
programa que veio garantir a assistência à saúde a todos os brasileiros. É
assim também com os Conselhos, onde a sociedade civil participa efetivamente da
administração pública através do controle social a eles conferido.
Um dos grandes desafios para essa eleição é garantir que a
diversidade da nossa sociedade esteja representada nas casas legislativas e
executivas municipais. A dominação masculina, branca, heterossexual que impera
nas nossas câmaras municipais e prefeituras tem perpetuado o poder político nas
mãos dos mesmos, em detrimento de uma grande maioria de minorias
vulnerabilizadas por dificuldades de acesso aos serviços públicos,
preconceitos, estigmas e mesmo uma herança histórica de exclusão intrínseca ao
enredo brasileiro.
Alguns candidatos homossexuais arriscam novamente e submetem seus
nomes às urnas, na esperança de que a população reconheça o segmento de gays,
lésbicas e pessoas trans, como parte integrante dessa nossa tão familiar
diversidade. Não é a primeira vez que isso acontece e nas poucas chances reais
que tivemos de eleger nossos LGBT, não conseguimos uma união entre nós que
fosse suficiente para elevar o quesito orientação sexual a um patamar mais
decisivo no momento de apertar as teclas da nossa maquininha de votar.
Em Juiz de Fora, Marco Trajano, ativista gay, diretor do MGM,
disputa uma cadeira na Câmara Municipal com chances reais de se eleger pelo PC
do B. Em Alfenas, Sander Simaglio, diretor do MGA, dá continuidade à sua
escalada política iniciada em 2004 e tenta uma vaga pelo PV a vereador naquela
cidade. Ambos militantes do movimento LGBT, apesar das diferenças, representam
muito bem o perfil do gay que precisamos na vida pública: pessoas preparadas,
capacitadas, inseridos no contexto da disputa política municipal e líderes que
têm defendido aguerridamente os excluídos, demonstrado uma grande capacidade de
mobilização e realização que os credencia a nos representar em suas cidades.
Ainda convivemos com eleitores que trocam seu voto por uma cesta
básica ou um sanduíche de pão com salame oferecido por candidatos no dia da
eleição. É chegada a hora de reconhecer o mérito de nossas lideranças e
efetivamente consolidar a nossa participação na gestão pública com
representantes que nos deem orgulho.
Camisinha sempre!
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