sábado, 12 de julho de 2008

Eleições – 12/07/2008



As eleições municipais de 2008 vêm coroar um dos pilares mais lógicos da administração pública brasileira: pensar local para agir global. Quem conhece os problemas locais é a população que os vivencia. É no município que prioridades e estratégias são definidas, projetos elaborados para a captação dos recursos federais que, no final, irão impulsionar o progresso das nossas mais de 5 mil cidades brasileiras. Essa é a base, por exemplo, do SUS, o programa que veio garantir a assistência à saúde a todos os brasileiros. É assim também com os Conselhos, onde a sociedade civil participa efetivamente da administração pública através do controle social a eles conferido.

Um dos grandes desafios para essa eleição é garantir que a diversidade da nossa sociedade esteja representada nas casas legislativas e executivas municipais. A dominação masculina, branca, heterossexual que impera nas nossas câmaras municipais e prefeituras tem perpetuado o poder político nas mãos dos mesmos, em detrimento de uma grande maioria de minorias vulnerabilizadas por dificuldades de acesso aos serviços públicos, preconceitos, estigmas e mesmo uma herança histórica de exclusão intrínseca ao enredo brasileiro.

Alguns candidatos homossexuais arriscam novamente e submetem seus nomes às urnas, na esperança de que a população reconheça o segmento de gays, lésbicas e pessoas trans, como parte integrante dessa nossa tão familiar diversidade. Não é a primeira vez que isso acontece e nas poucas chances reais que tivemos de eleger nossos LGBT, não conseguimos uma união entre nós que fosse suficiente para elevar o quesito orientação sexual a um patamar mais decisivo no momento de apertar as teclas da nossa maquininha de votar.

Em Juiz de Fora, Marco Trajano, ativista gay, diretor do MGM, disputa uma cadeira na Câmara Municipal com chances reais de se eleger pelo PC do B. Em Alfenas, Sander Simaglio, diretor do MGA, dá continuidade à sua escalada política iniciada em 2004 e tenta uma vaga pelo PV a vereador naquela cidade. Ambos militantes do movimento LGBT, apesar das diferenças, representam muito bem o perfil do gay que precisamos na vida pública: pessoas preparadas, capacitadas, inseridos no contexto da disputa política municipal e líderes que têm defendido aguerridamente os excluídos, demonstrado uma grande capacidade de mobilização e realização que os credencia a nos representar em suas cidades.

Ainda convivemos com eleitores que trocam seu voto por uma cesta básica ou um sanduíche de pão com salame oferecido por candidatos no dia da eleição. É chegada a hora de reconhecer o mérito de nossas lideranças e efetivamente consolidar a nossa participação na gestão pública com representantes que nos deem orgulho.


Camisinha sempre!

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