sábado, 7 de abril de 2007

Minas sem Homofobia – 07/04/2007


Não podemos abrir mão do nosso dever de exercer o controle social sobre o que é público ou que envolve o poder público, direta ou indireta. Doa a quem doer. É preciso inverter a lógica da sociedade civil sob o controle do Estado: o Estado é quem nos presta serviço e quem precisa ser controlado.
E é dele a responsabilidade de promover ações que combatam a homofobia e garantam os direitos humanos de todos os cidadãos, inclusive os gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais com equidade. A resposta que temos recebido do Estado não nos tem satisfeito.
É triste saber que alguns setores da paquidérmica máquina administrativa são obrigados a aguardar mais de seis meses para conseguir uma cadeira e uma mesa para trabalharem.
Comove-nos saber que um funcionário qualificado acaba sendo obrigado a carregar sua cadeira nas costas se quiser que ela saia do almoxarifado e ele consiga um lugar para sentar. Mas o que mais nos dói é ouvir esse tipo de informação vinda dos próprios funcionários públicos, aqueles que são, na verdade, a própria “máquina do Estado”.
Insatisfeitos ou não, eles depositam nas dificuldades burocráticas toda a responsabilidade por sua inoperância em áreas fundamentais. E não na homofobia. E não conseguem mudar isso.
A defesa dos direitos humanos precisa ser mais valorizada no nosso Estado. No Legislativo, há anos tentamos implantar uma Frente Parlamentar pela Cidadania GLBT na Assembleia de Minas Gerais e nada acontece.
O machismo que impera na nossa casa legislativa é tanto que a masculinidade daqueles que são simpáticos à nossa causa é colocada em dúvida pelos próprios colegas, com insinuações e piadinhas de corredor. E perdemos nossos aliados, que se afastam, temendo a difamação.
No Executivo, é preciso que o programa Minas sem Homofobia saia do campo das ideias e que o governo assuma o compromisso de combater a homofobia em nosso Estado, com ações e metas definidas para cada secretaria, cada departamento.
É preciso ampliar a temática da orientação sexual efetivamente no Programa de Educação Afetivo- sexual das Secretarias de Saúde e Educação do Estado.
É preciso que a Secretaria de Defesa Social assuma definitivamente ações de combate à homofobia nas polícias Civil e Militar de forma a obtermos um ambiente acolhedor às denúncias de violência homofóbica.
É preciso que o material didático produzido pelo Estado seja inclusivo, que a temática GLBT esteja presente em cada seminário, cada apoio cultural, cada edital, cada ação desenvolvida pelo governo.
Mas nada disso vai acontecer se não estivermos unidos e fortalecidos. Temos nos digladiado por posições políticas antagônicas, tornando-nos inimigos por diferirmos em processos, deixando de nos falar por discordâncias de estilo, de discurso.
Perdemos muitas vezes o foco e direcionamos nossas energias para o companheiro que luta conosco. Deixamos-nos levar pela facilidade de encontrar os defeitos de quem está do nosso lado, uma vez que o defeito do inimigo forte e verdadeiro, do homofóbico, do machista, exige trabalho duro para ser combatido. Lutamos com mais facilidade no nosso terreno que no do inimigo. Mas, é lá que mora o preconceito e é para lá que devemos dirigir nosso foco.
Se não estivermos juntos nessa luta e entendermos que o que nos une é a troca de informações, o intercâmbio, o discurso afinado, a parceria entre governo e sociedade civil, não vamos conseguir que sejam implantadas políticas públicas efetivamente de Estado que promovam a inclusão e garantam a cidadania dos homossexuais e das pessoas trans. 
Camisinha sempre!

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