sábado, 6 de agosto de 2011

Orgulho hetero - 06/08/2011


Confesso que fui surpreendido pela mais recente novidade dos paulistanos: o Dia do Orgulho Heterossexual, pensado por um patético e equivocado vereador evangélico para se contrapor ao Dia do Orgulho Gay. A lei pode ainda ser sancionada ou não pelo prefeito Kassab, e espera-se que não.

Entretanto, ela já é o retrato da falta de informação daqueles que mataram as aulas de história e limitam-se a ver o mundo sob o ponto de vista rasteiro dos que se desobrigam a exercitar o raciocínio. As justificativas apresentadas pelo vereador para explicar sua proposta não possuem qualquer fundamento científico-jurídico-social e destilam todo o preconceito pessoal do vereador religioso contra os homossexuais, além de fazer apologia de suas crenças, impondo ao estado de São Paulo uma lei que faz chacota da inteligência de seus cidadãos.

O mundo não se divide em heteros e homossexuais. Muito menos funciona na lógica de contraposição dessas orientações sexuais. Homos e heteros não são inimigos que não podem ser convidados para a mesma festa. O Dia do Orgulho Gay não é uma ofensiva aos heterossexuais, muito menos aos religiosos. É o dia de se comemorar o fim do degredo nos armários e a consciência coletiva em torno do respeito às diferenças. Ao contrário da proposta do Dia do Orgulho Hetero, que se fundamenta na oposição às conquistas dos homossexuais e carrega a mesma essência de movimentos como a Marcha contra o PLC 122, ocorrida em junho, em Brasília, com o propósito de negar o reconhecimento da homofobia como um crime. Os religiosos temem que uma lei nesse sentido respingue em seus pastores, reconhecidamente incitadores da violência contra os gays em suas pregações. Se assim não fora, não haveria com o que se preocupar.

Para além do mérito da questão, ao aprovarem uma lei que se fundamenta em seus incômodos pessoais e na pirraça dos evangélicos contra os homossexuais, a atitude dos vereadores paulistas é o resultado do baixíssimo poder de discernimento de cidadãos que votaram em Clodovil, em Tiririca, em Carlos Apolinário e tantas outras irresponsabilidades. Com a aprovação do Dia do Orgulho Hetero, os vereadores paulistanos passam a ingressar o rol daqueles que não levam seu papel político a sério.

Camisinha sempre!

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