terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Drag queens - 13/02/2010




Elas entraram na pauta. De repente, tomaram de assalto as páginas dos jornais e revistas e provocaram tal confusão de conceitos que fizeram deslizar até os mais calejados nas questões LGBTs. Tanto destaque pode ser atribuído a dois fatos em foco: a presença de Dicesar - a top drag Dimmy Kieer - no "BBB10", onde se expõe 24 horas por dia ao país inteiro, e a polêmica Escola Gay de Campinas, que se propõe a capacitar interessados em aprender a arte de ser uma drag queen.

O termo drag queen é uma gíria que surgiu por volta de 1870, tanto no mundo gay quanto no teatro. E quem pensa que aqueles homens vestidos de mulher de forma exagerada se assemelham à "rainha dos dragões" numa abreviatura de "dragons" e uma relação com sua feiura pode até ter uma certa lógica. Mas, está longe das hipóteses que explicam a origem da expressão. Na verdade, drag não tem nada a ver com dragon.

Alguns entendem que a expressão parte do significado de "drag", que em seu sentido mais amplo quer dizer vestir qualquer roupa que tenha um significado simbólico, como roupas apropriadas ao gênero: vestir-se de mulher ou de homem. Outros defendem que, na verdade, "drag" seria uma sigla para "dressed as girl" (vestido como menina). Em contrapartida, existiriam os "drab" - "dressed as boy" -, mas essa nunca pegou.

A hipótese mais aceita, entretanto, vem de "drag" no sentido de "arrastar" e se relacionaria com os imensos e pesados vestidos usados no final do século XIX, que faziam com que o homem vestido de mulher literalmente se arrastasse nos palcos. A tradição do transformismo se manteve entre nós, o que criou uma associação direta entre ser gay e ser drag queen que nem sempre existe.

Tanto homens heteros quanto gays podem se montar de drags. Dimmy Kieer, assim como a maioria das drags brasileiras, é gay, mas poderia muito bem ser um ator heterossexual que incorpora um personagem para o exercício de sua profissão.

Assim como existem escolas de atores, faz todo o sentido existir uma escola que se preocupe em ensinar a arte das drag queens e mantenha viva essa nossa manifestação cultural. Na verdade, a Escola Jovem LGBT de Campinas não se propõe a uma formação identitária, mesmo porque a arte das drag queens não exige delas uma identidade de gênero feminina e, sim, talento, prontidão e flexibilidade, que é o que fazem a sua graça.


Camisinha sempre!

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