Elas entraram na pauta. De repente, tomaram de assalto as páginas
dos jornais e revistas e provocaram tal confusão de conceitos que fizeram
deslizar até os mais calejados nas questões LGBTs. Tanto destaque pode ser
atribuído a dois fatos em foco: a presença de Dicesar - a top drag Dimmy Kieer
- no "BBB10", onde se expõe 24 horas por dia ao país inteiro, e a
polêmica Escola Gay de Campinas, que se propõe a capacitar interessados em
aprender a arte de ser uma drag queen.
O termo drag queen é uma
gíria que surgiu por volta de 1870, tanto no mundo gay quanto no teatro. E quem
pensa que aqueles homens vestidos de mulher de forma exagerada se assemelham à
"rainha dos dragões" numa abreviatura de "dragons" e uma
relação com sua feiura pode até ter uma certa lógica. Mas, está longe das
hipóteses que explicam a origem da expressão. Na verdade, drag não tem nada a
ver com dragon.
Alguns entendem que a
expressão parte do significado de "drag", que em seu sentido mais
amplo quer dizer vestir qualquer roupa que tenha um significado simbólico, como
roupas apropriadas ao gênero: vestir-se de mulher ou de homem. Outros defendem
que, na verdade, "drag" seria uma sigla para "dressed as
girl" (vestido como menina). Em contrapartida, existiriam os "drab"
- "dressed as boy" -, mas essa nunca pegou.
A hipótese mais aceita,
entretanto, vem de "drag" no sentido de "arrastar" e se
relacionaria com os imensos e pesados vestidos usados no final do século XIX,
que faziam com que o homem vestido de mulher literalmente se arrastasse nos
palcos. A tradição do transformismo se manteve entre nós, o que criou uma
associação direta entre ser gay e ser drag queen que nem sempre existe.
Tanto homens heteros quanto
gays podem se montar de drags. Dimmy Kieer, assim como a maioria das drags brasileiras,
é gay, mas poderia muito bem ser um ator heterossexual que incorpora um
personagem para o exercício de sua profissão.
Assim como existem escolas
de atores, faz todo o sentido existir uma escola que se preocupe em ensinar a
arte das drag queens e mantenha viva essa nossa manifestação cultural. Na
verdade, a Escola Jovem LGBT de Campinas não se propõe a uma formação
identitária, mesmo porque a arte das drag queens não exige delas uma identidade
de gênero feminina e, sim, talento, prontidão e flexibilidade, que é o que
fazem a sua graça.
Camisinha sempre!
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