sábado, 13 de dezembro de 2008

Fim de Ano – 13/12/2008



Para muitos casais gays, final de ano é sinônimo de problemas. As árvores de Natal que enfeitam nossas reuniões de família ainda são decoradas com indiscrições, censuras, homofobia. É época de decisões importantes e radicais, confrontos, posicionamentos que provocam avaliações do que aconteceu durante todo o ano, senão durante toda a vida. Época em que muitos casais homossexuais solidificam o seu amor ou se deixam fraquejar diante das pressões familiares.

Final de ano convida a sair do armário. Emoções à flor da pele, corações abertos, muitas vezes revelam que chegou a hora de contar para quem a gente ama nossos segredos. É quando se agiganta essa necessidade incontida de ser mais verdadeiro, de deixar o escuro e buscar a luz, de se expor de dia, respirando fundo um sentimento que somente quem passou anos de sua vida negando sua identidade conhece. É o alívio do resgate de nós mesmos.

Natal em família é coisa de brasileiro. Parentes distantes, pessoas que não se vêem há muito tempo, convidados especiais. Um reencontro intenso que nos obriga a reconhecer velhos conhecidos. Novos pontos de vista de antigos personagens que carregam na bagagem da saudade histórias, dores e alegrias cotidianas. Na intimidade crua do convívio repentino e emotivo do final de ano, revelam-se surpresas boas e ruins. São expectativas que muitas vezes se frustram diante de um comentário na hora errada, uma saia-justa, um deboche, um veneno.

Festas de final de ano servem para nos lembrar o quanto amamos e somos amados por nossos parentes e o pouco que nos dedicamos a eles. Mas também nos trazem reencontros que preferiríamos dispensar e situações embaraçosas que poderiam ser perfeitamente evitadas. Assim, é nessa ocasião que se afloram as críticas, os preconceitos e a franqueza que agride e machuca. Todo gay tem uma história triste de fim de ano para contar.

São inúmeras as famílias que não aceitam nossas famílias gays. Quantos casais homossexuais passam seus natais separados como alternativa para poderem estar ao lado de pais, irmãos, sobrinhos. Quantas vezes já nos vimos na tenebrosa e novelesca situação de optar: "ou ele ou eu", divididos entre dois amores que resistem em se relacionar.

Final de ano é referência de tempo. E o mesmo tempo que machuca cura as feridas. Haverá um dia em que não precisaremos lutar para sermos aceitos como uma família. Diferente, mas que também monta sua árvore de Natal e se emociona com as mensagens de final de ano.

Camisinha sempre!


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