Minas Gerais possui uma lei que pune a discriminação por
orientação sexual. A lei 14.170/2002 que, além disso, cria na estrutura do
governo do Estado o Centro de Referência de Gays, Lésbicas, Bissexuais,
Travestis, Transexuais e Transgêneros de Minas Gerais, subordinado à
Sub-Secretaria de Direitos Humanos, a partir de um projeto elaborado pelo
movimento social e que deveria orientar as políticas públicas voltadas para a
população LGBT mineira.
Alguma coisa, porém, está destoando. Por um lado, os resultados
das mobilizações públicas promovidas pelos mais de 30 grupos LGBT espalhados
por Minas Gerais encantam os olhos de qualquer um. O apoio popular à luta pelo
reconhecimento de nossa cidadania, dos nossos direitos e contra o preconceito
fez com que as Paradas entrassem no calendário oficial das cidades mineiras e
deixassem de ser somente a luta de um grupo para se tornar de todos.
Mas, por outro lado, o Centro de Referência do Estado não se
envolveu em absolutamente nada e esteve ausente da mobilização de cerca de 600
mil cidadãos e cidadãs mineiros, em defesa da livre orientação sexual, contra a
homofobia, temas que fazem parte de suas propostas básicas. Enquanto o
movimento LGBT alcança as ruas e conquista aprovação, o governo estadual se
mantém distante, refugiando-se na trincheira da realização de uma Conferência
Estadual, que aconteceu graças à muita pressão dos ativistas, ou na
popularidade do chefe do Estado.
Lamentavelmente, o movimento LGBT organizado não foi sequer ouvido
antes das mudanças promovidas recentemente no Centro de Referência. O acordo
que acatava a indicação pelos grupos organizados dos responsáveis pelos três
principais postos do Centro de Referência, foi ignorado, desconsiderando uma
das nossas mais importantes conquistas.
Enquanto os ativistas do movimento LGBT se esforçam para aprovar
leis municipais de combate à discriminação, enquanto avançam as importantes
políticas públicas municipais de combate ao preconceito, enquanto ganhamos
espaço nos municípios, perdemos terreno no estado.
A falta de resolutividade do Centro de Referência tem nos afastado
do governo e feito com que continuemos a nos ressentir da sua presença ao nosso
lado, na luta contra o preconceito em Minas Gerais.
Camisinha sempre!
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