segunda-feira, 4 de junho de 2018
Fiz 60 anos!
E de repente, assim de repente, eu fiz 60 anos. Chego aqui envelhecido, porém saudável; maduro, mas capaz de me divertir com coisas infantis; capaz de sonhar como se tivesse 20 anos, mas ciente das dores dos tombos e dos perigos das alturas; repleto de cicatrizes que documentam a história de um corpo gasto, usado, esfolado, mas inteiro, capaz ainda de peripécias de rapazes, por mais improvável que eu poderia imaginar quando rapaz.
Chego aqui mais leve, sem carregar o peso das ilusões e sem o fardo da culpa pelo que deu errado: o que foi possível já foi feito; agora é só arrematar. Chego também mais pesado, por um lado, pelo peso dos tropeços e arrependimentos; e, por outro, pelos troféus e medalhas que marcam o que deu certo. Fora o peso que aparece na balança.
Menos cabelos e mais cabeça; poucos amigos, mas mais sinceridade; menos pressa, menos futuro, menos dúvidas. Mais contemplação, lembranças e experiências.
Chego aos 60 anos rodeado de pessoas que me amam e observado de longe por algumas que não. Ainda bem! Minha mãe, meus filhos, irmãos, todos vivos e bem; repleto de sobrinhos, sobrinhos-netos, sempre me lembrando o que eu fui e o quanto é cedo ainda para se chegar à conclusões finais. Chego casado, amando a pessoa que escolhi viver ao lado e que lutei – e ainda luto – para ter esse direito; reconhecendo e respeitando os nossos limites, virtudes e defeitos; construindo juntos nosso lar, nossa cidadania e nossa compreensão de família, companheirismo e amor. Marco Trajano me faz chegar aos 60 anos mais feliz e seguro de que não sofreremos a solidão.
Quero agradecer a todos pelas mensagens carinhosas que me enviaram no dia 1º e dizer que cada uma que chegou acalentou um pouquinho o meu coração. Espero que a vida nos ajude a encontrar mais motivos para continuarmos juntos do que o contrário. E que essa minha visita à sua memória tenha sido tão prazerosa quanto a de vocês à minha!
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