Há algum tempo decidi não me chatear mais com insignificâncias
– ou insignificantes. Meses atrás acabei caindo numa dessas armadilhas que uma
resposta mal interpretada no facebook nos apronta e ganhei um grupo de
seguidores rancorosos e ávidos por uma oportunidade de desqualificar o meu
trabalho, reconhecido em todo o Brasil e no exterior; a minha trajetória como um
cidadão que escreveu seu nome na história dessa cidade e desse país; a minha
vida; por pensar diferente de mim sobre determinado assunto. O episódio me
deixou bastante chateado e essa sensação não passava, porque mesmo que eu me
calasse, meus adversários insistiam em distribuir informações equivocadas sobre
minha organização, sobre mim e meu marido.
Nunca me furtei aos debates virtuais e me enriqueço muito com
as opiniões, experiências e ensinamentos da minha rede, mas percebi que o
debate não estava aberto. As opiniões se tornaram ataques ofensivos e os
argumentos rasteiros de quem “ouvira o galo cantar, mas não sabia onde” me
fizeram avaliar que esses interlocutores não mereciam sequer minhas explicações.
Decidi bloquear nossa comunicação e deixei de me chatear. Rapidamente, constatei
que essa ausência não me fez falta nenhuma.
Hoje, algumas pessoas tentaram me jogar na mesma arapuca.
Dessa vez, o divisor de águas são as posições políticas divergentes, o que se
torna dinamite em época de eleições numa cidade do interior. Nas últimas
eleições, depois de meses de trabalho junto à nossa comunidade, a favor da petista
Margarida Salomão; depois de termos aplaudido nosso candidato a vereador nos
palanques, ao seu lado; fomos traídos por um acordo espúrio com os evangélicos,
os mesmos que tentaram difamá-la dias antes e a quem seu grupo político se
rendeu em troca de votos. Nossas
bandeiras foram convidadas a saírem daquela última manifestação em uma clara mensagem:
se for preciso rifar alguém, rifamos vocês.
Sim, fomos traídos. Traídos pelo PT aqui em Juiz de Fora,
assim como estamos sendo traídos pelo PT em Brasília, pela presidente Dilma
Rousseff e seus ministros. Medo de que? Margarida Salomão e seu grupo não
querem sequer um diálogo com o movimento LGBT. Margarida Salomão nunca esteve
numa solenidade de abertura do Rainbow Fest. Ela desconhece nossas propostas,
desconhece o grau de homofobia que existe em nossa cidade, ignora a
vulnerabilidade da nossa comunidade, se envergonha de nossas bandeiras. Jamais
nos procurou ou estendeu suas mãos para o movimento LGBT. Como reitora, jamais
reconheceu ou apoiou qualquer ação do movimento gay e nunca moveu um dedo no
sentido de promover a cidadania e a defesa dos milhares de alunos homossexuais
da UFJF.
Ao contrário do modus operandi do PT, o prefeito Custódio
Mattos nos mostrou que vencer uma eleição não significa exterminar os
adversários. Ele nos ouviu, nos entendeu e agiu. Deu andamento às demandas que
apresentamos e esteve ao nosso lado em busca de soluções eficientes e efetivas
para nossos problemas. Todos os programas sociais do governo Custódio Mattos
foram abertos às famílias homoafetivas e os programas voltados para a juventude
incluem os jovens LGBT. Muita coisa ficou por fazer, mas nada nos indica um
retrocesso.
O prefeito Custódio Mattos, como nós, desconsidera essa
falsa polarização entre os evangélicos e os homossexuais. Essa celeuma, cultivada
por fanáticos lideres religiosos e alimentada por interesses pessoais e pouco
éticos, tem provocado fissuras em importantes alicerces de nossa cultura como a
liberdade religiosa, a laicidade do estado e o respeito à individualidade do
cidadão brasileiro. Não pode e não deve ser fomentada e sequer se prestar a
moeda de troca em período eleitoral, o que já sinaliza o tipo de ética que se
deve esperar de quem o faz.
Assim, entendo que o projeto da candidatura Custódio Mattos
é mais adequado e mais vantajoso para os homossexuais de Juiz de Fora. É um
projeto que nos inclui e no qual podemos garantir políticas públicas voltadas
para a comunidade LGBT na área de saúde, educação, segurança pública, turismo,
emprego e renda e assistência social.
Por fim, retomando o tema inicial, reservo-me o direito de me
posicionar politicamente, de me expressar, de escolher meus interlocutores, de
apoiar os que me apoiam e de não me chatear.