Bem que o presidente Barack Obama podia
conversar com a presidente Dilma Roussef sobre o combate à homofobia e os
direitos dos homossexuais no Brasil. Poderia aproveitar essa viagem que se propõe
a conquistar o apoio norte-americano a uma vaga permanente para o Brasil no
Conselho de Segurança da ONU; além de uma vasta pauta com os setores da
economia e da educação. Nenhuma previsão de se conversar sobre direitos humanos
e a cutucada que a presidente Dilma deu nos Estados Unidos durante sua visita a
Cuba, referindo-se ao campo de detenção de Guantánamo, vai ficar por isso
mesmo.
Mas, bem que o presidente Obama poderia
puxar o assunto:
_ So,
dear Dilma, fiquei sabendo que o problema dos gays e lésbicas no Brasil
está ficando sério. Vocês abandonaram seus programas de combate à homofobia?
_ Olha, Obama, vamos deixar esse assunto
para uma outra hora. Meu partido fez um acordo com os grupos evangélicos
brasileiros e, em troca de seus votos nos comprometemos a não tocar em nada que
diga respeito aos direitos dos gays. So...
_ But,
que resposta o seu governo tem dado aos assassinatos por homofobia que têm
colocado o Brasil na sad pole position
dos crimes contra os homossexuais? Dear
Dilma, os dados do GGB, que rodam o mundo, apontam 260 mortes por homofobia em
2011! Isso sem contar a questão do bullying
homofóbico, da violência na família, as agressões... Vocês não estão
preocupados com isso?
_ Obama, meu querido, vamos conversar sobre
café, suco de laranja, computadores, tablets...
Vamos fazer tablets no Brasil? Bora? E a Copa
do Mundo? Você vai?
_ Please,
Dilma, está crescendo muito o número de pedido de asilo que recebemos de gays e
lésbicas brasileiros que se sentem ameaçados e com suas vidas em perigo pelos
simples fato de serem homossexuais. Aliás, eu soube que você proibiu uma
campanha de TV que promovia o uso do preservativo entre os jovens gays, mesmo diante
do crescimento assustador da infecção entre eles. Isso não te comove?
_ Qualé, Obama, imagina o problemão que eu
teria? Se o governo brasileiro admitir que existem jovens gays e que eles
namoram no Brasil, os evangélicos - você sabe como eles são conservadores – pedem
a minha cabeça! Não! Deixe esses gays para lá! Quem sabe um próximo presidente...
Eu não levo muito jeito para esse tipo de assunto.
_ Well,
assim vai ser difícil melhorar a vida e garantir os direitos desses brasileiros,
Dilma. Aqui nos EUA ajudei numa campanha contra o suicídio de jovens gays, “It gets better!”, e apoio a união civil
entre pessoas do mesmo sexo. Tenho gays e lésbicas assumidos no meu staff e
sempre os convido para nossas cerimônias e premiações. I’m so sorry!
_ Fica assim, não, rapaz! Vamos falar de
negócios, let’s go? Ô Pimentel! Ô Mercadante! Acode aqui!