sábado, 14 de julho de 2007

A Parada de Belô – 14/07/2007





Dia 22 de julho acontece a X Parada do Orgulho GLBT de Belô e isso me lembra minha primeira participação na Parada de Belo Horizonte. Era a primeira exposição pública como gay, na cidade onde me escondi a maior parte da vida. Não que eu nunca tivesse me exposto em Belo Horizonte. Pelo contrário, já havia dado algumas entrevistas, cheguei a ser flagrado com meu companheiro num desfile da Banda Mole, numa ocasião em que ainda vivia em conflito com minha homossexualidade.
Mas, politicamente, ali, na Parada, foi tão emocionante quanto a primeira de todas. Ela aconteceu em Londres, em 1997, período em que estive estudando na capital inglesa. Não me esqueço da emoção que tomou conta de mim quando vi tantas pessoas felizes, iguais a mim, expostas, sem medo, confraternizando-se, gritando palavras de ordem acompanhadas por milhares de apitos estridentes que davam a cor local.
Diferente das nossas, na London Gay Pride Parade a música de trios elétricos é substituída pelo som dos apitos, que eram vendidos por dezenas de militantes, e o dinheiro destinado às ONGs que organizavam o evento e que custeava a própria Parada e suas ações durante todo o ano. Chamava a atenção também o uso que era dado à enorme bandeira do arco-íris. À sua passagem os gays, lésbicas e simpatizantes ingleses jogavam moedas, que reluziam saltitantes sob o movimento do tecido colorido. De tempos em tempos, a organização recolhia aquele dinheiro em enormes baldes e todos se sentiam felizes em colaborar.
Nossa primeira parada de Belo Horizonte – e de Minas – aconteceu um ano depois, em 1998, tendo à frente a ativista Soraya Meneses, presidente da Associação Lésbica de Minas (ALEM) A homofobia era tão temida e a vontade de se fazer ouvir tão grande que alguns ativistas do Grupo Guri, liderados pelo falecido Itamar Santos, foram à primeira Parada ocultos por fantasias dos personagens de Walt Disney, que escondia suas identidades e preservava seu anonimato. Tempos difíceis…
De lá para cá, a Parada do Orgulho GLBT de Belô, como passou a ser chamada, cresceu muito, tanto em número de participantes, como em organização. Este ano, as atividades começaram com dez dias de antecedência. O circuito completo inclui mostra de cinema, seminários, festas oficiais no Confessionário, Solluna e Gis Clube, a já tradicional Caminhada das Lésbicas no sábado, entrega de prêmios e lançamento de livros. O tema – "Por um Mundo sem Racismo, Machismo e Homofobia" – permeia todas as palestras.
Estão previstas ainda ações de prevenção às DST-Aids, uma vez que a X Parada do Orgulho GLBT de Belô, através do Grupo Cellos, foi uma das vencedoras do edital aberto pelo Programa Nacional DST-Aids para ações de prevenção nas Paradas, importante momento de visibilidade em que as práticas de sexo seguro não podem ser esquecidas.
A concentração será as 11h, na rua São Paulo com Carijós, onde acontecem as tradicionais falas políticas e a apresentação das principais artistas drag queens da cena GLS de Belo Horizonte. Estão previstos dez trios elétricos e um show de encerramento, às 19h, na dispersão da Parada.
É importante que os gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais prestigiem a Parada de Belô. Ela é o resultado de muita luta enfrentada com bravura pelos companheiros e companheiras de nossa capital nesses nove anos de visibilidade sadia, orgulhosa e cidadã.
Camisinha sempre! 

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